sexta-feira, 12 de julho de 2013

Inauguração da Biblioteca da Freguesia de S. Vicente


Exmª Srª Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Braga, Drª Ilda Carneiro…

Minhas Senhoras e Meus Senhores:

Tudo começou em 12 de Maio, de 2011 quando ao passar junto das instalações da “Barbosa e Xavier”, aqui bem perto, na Rua Gabriel Pereira de Castro, deparei com algo que na altura me pareceu estranho: a famosa tipografia tinha fechado, segundo ali me informou o Sr. Costa, um dos novos proprietários. Perante os factos, e após me ter identificado como responsável pelo pelouro da Educação e Cultura do Executivo da Junta de Freguesia, logo lhe solicitei que antes de “mandar para a reciclagem” os livros e outro material que ali se encontravam, me permitisse uma “olhadela”, a fim de aproveitar tudo o que fosse útil para a criação de uma futura biblioteca de S. Vicente. Muito gentil, o Sr. Costa pôs-me completamente à vontade para “levar tudo o que quisesse, excepto os livros que estivessem devidamente assinalados para ficar…” Foi o que fiz, com a anuência e todo o apoio dos meus colegas de Executivo. De então para cá, as ofertas de livros têm sido múltiplas e variadas por parte, quer de particulares, quer de instituições, de modo que, podemos convictamente dizê-lo, neste momento está criada, de facto, a biblioteca de S. Vicente. Já agora, permitam-me que, muito gostosa e agradecidamente, refira alguns dos amigos, para além de outros que, entretanto, continuam a contribuir para o seu enriquecimento:

Começo pela direcção da Esc. Sec. de Sá de Miranda, representada pelo Senhor Director, Dr. Fausto Farinha, a quem o Executivo da Junta de Freguesia está muito reconhecido, não só pela gratuita cedência do magnífico imóvel onde presentemente estão expostas as obras, como também pela oferta de vários volumes excedentários da maravilhosa biblioteca da Esc. Sá de Miranda, e a cuja responsável, Drª Cândida Filomena, também aqui presente, igualmente muito agradecemos a simpatia e pronta disponibilidade desde a primeira hora;

Ao Prof. Doutor Alves Pires, professor na Fac/Fil., meu grande amigo e máximo responsável pela biblioteca da Casa de Soutelo, os nossos sinceros agradecimentos pelos excelentes e variados livros que teve a gentileza de nos doar;

Ao Prof. Doutor Viriato Capela, catedrático da Univ. do Minho, com a oferta de quatro magníficas obras sobre Braga e o seu distrito;

À Câmara Municipal de Braga, através da Divisão da Cultura, na pessoa da Srª Vereadora Drª Ilda Carneiro, igualmente os nossos agradecimentos pelos volumes cedidos;

Ao Sr. Dr. Carlos Aguiar Gomes, presidente da Associação Famílias; à Srª Drª Isabel Costa, do agrupamento de Escolas de Maximinos; à Srª Drª Eduarda Simões, minha ilustre colega na Esc. Sá de Miranda; à Drª Maria José Simões, profª do ensino secundário na Esc. Alcaide de Faria; à Srª D. Catarina Costa, de S. Lázaro; ao Sr. José Carneiro, da Equipa de Voluntariado de S. Vicente; ao ilustre vicentino Sr. Ferros; e a muitos outros que, individualmente ou através de instituições credíveis, já nos mostraram toda a disponibilidade para connosco colaborarem no enriquecimento da biblioteca de S. Vicente.

Permitam-me, ainda, por ser da mais elementar justiça que enalteça, aqui e agora, o inestimável contributo do Sr. Elísio de Araújo, da Biblioteca Pública de Braga, cuja boa vontade e competência técnica nos têm sido, e por certo continuarão a ser, absolutamente decisivas, bem como declarado apoio da Srª Directora da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Drª Aida Alves para que, futuramente, as duas instituições tenham a possibilidade de ficar ligadas em rede, via on-line.

Minhas senhoras e meus senhores:

Independentemente dos notáveis avanços tecnológicos e do recurso à internet (por vezes, quase diria, obsessivo), o livro continuará a ser, tanto um bom amigo, como um dos melhores e mais eficazes veículos da nossa cultura. Não é, pois, a despropósito, bem pelo contrário, que a importância da leitura, nas palavras de Pedro Cerqueira que, com a devida vénia aqui reproduzo, “é reconhecida pela União Europeia e organizações internacionais, como a OCDE e a UNESCO, que a consideram um alicerce da sociedade do conhecimento, indispensável ao desenvolvimento sustentado. Os responsáveis pelo Plano Nacional de Leitura afirmam que a leitura é fundamental para formar cidadãos com elevados níveis de autonomia, com plena consciência de si próprios e dos outros, para poder tomar decisões face à complexidade do mundo actual, para exercer uma cidadania activa. Determinante no desenvolvimento cognitivo, na formação de juízo critico, no acesso à informação, na expressão, no enriquecimento cultural e em tantos outros domínios, é encarada como uma competência básica que todos os indivíduos devem adquirir para poderem aprender, trabalhar e realizar-se no mundo contemporâneo.

Dada a importância da leitura para a formação e para a plena integração na sociedade de qualquer cidadão, é fundamental encontrar formas de incutir nas crianças e jovens hábitos de leitura. Este desiderato cabe a todos os intervenientes no progresso educativo, começando logo no pré-escolar (…)”, pelo que “é fundamental incutir muito cedo o gosto e os hábitos de leitura…”, fim de citação.

E é aqui, meus amigos, que as autarquias, nomeadamente as juntas de freguesia, poderão exercer um papel bem activo, até pela proximidade com as populações que servem, criando pequenas bibliotecas para os seus concidadãos, sobretudo os mais jovens, e assim complementarem as já existentes bibliotecas escolares. Quem não se lembrará, por ex., das famosas bibliotecas itinerantes da Gulbenkian, cujas carrinhas, sobretudo a partir da década de 50/60, percorriam o país de lés a lés, e onde em datas precisas, eram ansiosamente esperadas pelos miúdos, e às vezes até graúdos, emprestando livros a toda a gente?

Minhas senhoras e meus senhores, foi na defesa, justa e intransigente do livro e da leitura, que o Executivo da Junta de Freguesia de S. Vicente, com a ajuda de alguns bons amigos, como atrás referi, (faço aqui um breve parêntesis para igualmente estender os nossos agradecimentos ao Rui e ao Daniel, alunos da Esc. Sec. de Maximinos, que tive todo o gosto de acompanhar no estágio que aqui fizeram para complementar os seus cursos, e que praticamente fizeram os registos de todos estes livros) se lançou nesta tão árdua, como aliciante tarefa: a criação de uma biblioteca, hoje felizmente inaugurada, ainda que não olvidemos que este será, apenas, o primeiro passo de muitos outros que se seguirão… sem que, pelo menos até ao momento, tenha sido necessário despender sequer um cêntimo que fosse!...

Finalizo, citando esse grande vulto das letras portugueses, que foi o Padre António Vieira:

"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive”.

Muito obrigado!

Braga, 12 de Julho, de 2013

Domingos Alves.