sexta-feira, 27 de maio de 2016

BRAGA ROMANA, AO CAIR DO PANO…


Foi exactamente com este título que, em 04 de Junho do 2012, assinei um breve apontamento no “Diário do Minho”, a propósito deste grande evento lúdico/histórico, que continua a merecer de todos - bracarenses e largos milhares de visitantes - cada vez mais curiosidade, admiração, e entusiasmo! Com efeito, de ano para ano, e sem alterar o essencial, vão acontecendo oportunas inovações que muito têm contribuído para o seu enriquecimento; uma delas, por exemplo, foi a deslocação das ”Áreas de Alimentação” para o Largo das Carvalheiras, Largo de S. Paulo, Largo de S. Tiago e Museu D. Diogo de Sousa, ali bem perto das Termas Romanas, tudo espaços a condizer com a verdadeira matrix da Bracara Augusta.

Muito interessante, também, o espaço envolvente da Sé Catedral, maioritariamente ocupado pelas escolas e associações culturais, e pelas denominadas “tendas pedagógicas”, com os seus escritos, adornos e bijutaria diversa.

De entre os destaques do programa, uma referência especial para o Cortejo Triunfal, este ano e pela primeira vez, segundo creio, integrado por elementos da vizinha Galiza (oriundos das augustas cidades de Lugo e Astorga), garbosa e magnificamente “trajados à época”, e para o infindável acompanhamento de muitos outros figurantes representando instituições, escolas, variadíssimas associações e até divertidos populares que fizeram as delícias de quem se acotovelava nos passeios… 

Também o “Casamento Romano”, encenado pela Equipa Espiral, e que decorreu na Praça do Município, merece oportuna e justa menção, sobretudo pelo rigoroso trabalho de investigação de que deu mostras, o que lhe permitiu uma quase perfeita reconstituição histórica de uma “cerimónia mais elaborada do casamento romano só permitida aos patrícios.” 

Um terceiro aplauso para a graciosidade do enorme desfile das mais de cinco mil crianças provenientes das cerca de sessenta escolas e instituições do concelho de Braga e que, devidamente acompanhadas pelos seus educadores e professoras, distribuíram flores e sorrisos por tudo quanto era sítio, até chegarem à Praça do Município, onde foram alegremente recebidas com um bem sonoro “Salve crianças de Bracara Augusta”, a que logo todas responderam, em vibrante uníssono, com a já típica e habitual saudação romana do inefável “Ave César”!

Deixo para o fim o aspecto talvez menos positivo da “Braga Romana”, que se prende com uma “pecha” que já “vem de trás”, e que persiste em não ter emenda: como estamos a recordar factos históricos do tempo dos romanos, bom seria, e a sugestão uma vez mais aqui a deixo aos responsáveis: não haja mais incúria no tocante ao deficiente emprego do Latim para que, de uma vez por todas, se acabe com os erros e “lapsus linguae” de uma escrita que a todos deveria merecer mais respeito e consideração… Não maltratemos o Latim, nossa verdadeira língua/mãe, para igualmente não “assassinarmos” o português, hoje em dia infelizmente também tão maltratado!… É que, se “as palavras as leva o vento”, o que se escreve, bem ou mal , fica escrito para sempre… E não se julgue que estou a falar só de meras frases que, ao acaso, pude observar em algumas tendas de “comes e bebes”… Até a própria agenda/boletim “Braga Cultural”, infeliz e sucessivamente vem cometendo os tais erros e “lapsus linguae” que atrás referi o que, evidentemente, também se regista e lamenta… 

No cômputo geral, porém, e desde já ressalvando estes “pormenores/maiores”, há que destacar, por ser da mais elementar justiça, o excelente trabalho de todos, nomeadamente daqueles que tudo fizeram para que a “Braga Romana “ deste ano constituísse, como de facto constituiu, um grande êxito!





PS. Tive o grato prazer de passar algumas horas nas denominadas “Oficinas de Latim”, em parceria/colaboração da Junta de Freguesia de S. Vicente com a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva; pena que os inscritos fossem, na sua maioria, pessoas já “formadas” noutras áreas mas, curiosamente, ou talvez não, sempre solícitos, interessados e participativos em todas as actividades que lhes eram propostas!



Domingos Alves, vogal para a Educação e Cultura da Junta de Freguesia de S. Vicente.